Cinema sustentável chega ao arquipélago de Maiaú com o projeto “SOLta na Maré”

Entre os dias 24 e 28 de novembro, as comunidades das ilhas de Lençóis e Caçacueira, no arquipélago de Maiaú, em Cururupu, receberão o “SOLta na Maré”, projeto de cinema itinerante movido a energia solar que promete levar uma experiência cultural inédita e sustentável às localidades. A ação reúne exibições de filmes ao ar livre, oficinas e apresentações artísticas, com foco na inclusão, na educação e na valorização da identidade local.

Realizado com recursos da Lei Paulo Gustavo, por meio da Secretaria de Estado da Cultura do Maranhão (Secma), o projeto é idealizado pela Poli Companhia, de Nicolle Machado, com produção da Maranhezza, de Nat Maciel, e da Orgânik Produções Culturais, de Mariana Cronemberger.

Duas ilhas, dois dias de cinema e formação

A programação oficial ocorre nos dias 25 e 27 de novembro, na Unidade Integrada São José (Ilha de Lençóis) e na Unidade Escolar Eleotério Ferreira (Ilha de Caçacueira). Cada dia começa com a Oficina de Produção Audiovisual em Comunidade, ministrada pelo fotógrafo, videomaker e rapper Jasf Andrade, das 9h às 12h e das 14h às 17h. A atividade ensina participantes a criar vídeos com celular, passando por roteiro, gravação e edição. As inscrições serão feitas no local, uma hora antes de cada oficina, até o limite de vagas.

Ao longo do dia, o público poderá acompanhar três mostras de filmes:

  • Mostra Infantil Sessão AnimArte – com animações de diferentes países;
  • Mostra Cururupu em Cena – com produções que retratam personagens e histórias locais;
  • Mostra SOLta na Maré – que apresentará o filme produzido na oficina e o longa-metragem maranhense “Bethânia”, exibido no Festival de Berlim 2024.

As sessões serão acompanhadas por apresentações artísticas das comunidades, como o grupo artístico da Unidade Integrada São José e um grupo de Carimbó da Ilha de Caçacueira, além de distribuição de pipoca e lanches.

Mostras destacam diversidade e memória local

A Sessão AnimArte reúne seis animações internacionais e nacionais, com temáticas ligadas à imaginação, ao meio ambiente e à cultura popular. Entre os filmes exibidos estão “A Baleia Mágica”, “Mouse House”, “Palavras Mágicas”, “Ciranda Feiticeira”, “Trashball” e “O Discurso de Txai Suruí”.

Na Mostra Cururupu em Cena, três produções retratam personagens e tradições do arquipélago de Maiaú e da cidade de Cururupu. Entre elas, “Mestre Umbelino Pimenta: Histórias e Toadas”, dirigido por Nat Maciel e Lilian Alves; “Dona Taquariana, uma cabocla brasileira”; e o clássico “A lenda do Rei Sebastião”, filme de 1979 com participação de moradores da Ilha de Lençóis.

A Mostra SOLta na Maré encerra cada dia com o premiado filme “Bethânia”, dirigido por Marcelo Botta, que retrata os Lençóis Maranhenses a partir da jornada de uma mulher em busca de reconstrução e pertencimento. O longa é estrelado por Diana Mattos, Tião Carvalho, Caçula Rodrigues e outros nomes do cinema maranhense.

Cinema movido a energia solar e cultura como direito

Com estrutura totalmente alimentada por energia solar, o projeto oferece sessões ao ar livre sem impactos ambientais, ampliando o acesso à cultura em regiões isoladas. Durante as atividades formativas, também serão discutidos temas como ética na produção de conteúdo, combate à desinformação e impacto das fake news.

“Sustentabilidade, acesso e inclusão” são pilares do “SOLta na Maré”, que conta com uma equipe formada majoritariamente por mulheres maranhenses com ampla experiência no audiovisual e nas artes integradas. A iniciativa reforça a necessidade de atender às demandas culturais de comunidades isoladas e fortalece debates relacionados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), como educação de qualidade, redução das desigualdades e acesso à cultura como direito fundamental.

Arquipélago de Maiaú: história, cultura e desafios

Com cerca de 50 ilhas, o arquipélago de Maiaú tem poucas áreas habitadas e enfrentam dificuldades no acesso à energia elétrica e a atividades culturais. Ao levar cinema, formação audiovisual e ações educativas às ilhas de Lençóis e Caçacueira, o projeto contribui para a descentralização da cultura e para a valorização das histórias dessas comunidades perante o Maranhão e o Brasil.

O “SOLta na Maré” desponta como um modelo inovador de sustentabilidade cultural, capaz de inspirar outras iniciativas e ampliar colaborações nacionais e internacionais.