
O Maranhão foi o único estado da Amazônia Legal a apresentar alta na taxa de Mortes Violentas Intencionais (MVI) em 2024, segundo a 4ª edição do relatório Cartografias da Violência na Amazônia 2025, divulgado nesta quarta-feira (19) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
As MVI englobam homicídios dolosos, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte, feminicídios e mortes decorrentes de intervenções policiais, tanto em serviço quanto fora dele.
De acordo com o levantamento, 181 municípios maranhenses localizados no território amazônico somaram, juntos, 1.731 mortes violentas em 2024. A taxa de homicídios por 100 mil habitantes passou de 26,6 em 2023 para 29,7 em 2024 — um aumento de 11,5%. O resultado contraria a tendência de redução registrada nos demais estados da Amazônia Legal.
Queda nas taxas nos outros estados
Entre 2023 e 2024, todos os outros entes federativos da região apresentaram retração nas taxas de violência letal:

- Tocantins: –27,9% (de 27,4 para 19,8)
- Roraima: –27,1% (de 25,5 para 18,6)
- Amapá: –30,6% (de 64,9 para 45,1)
- Amazonas: –17,4% (de 33,2 para 27,4)
- Acre: –16,7% (de 24,4 para 20,3)
- Pará: –7,3% (de 31,9 para 29,5)
- Mato Grosso: –3% (de 30,7 para 29,8)
- Rondônia: –0,3% (estável em 26,1)
Por que o Maranhão subiu?
O relatório não aponta uma causa única, mas indica três fatores que se entrelaçam e ajudam a explicar o avanço da violência letal no estado — com destaque para a atuação crescente de facções criminosas.

- Expansão de facções: 53 municípios maranhenses registram presença de grupos como CV, B40, PCC e PCM.
- Conflitos por terra: aumento de 178% em 2024, com Timbiras liderando o ranking nacional de ocorrências.
- Pressão sobre áreas rurais: avanço de disputas em zonas de produção agrícola, comunidades tradicionais e área de expansão do MATOPIBA.
O relatório reforça que a combinação desses fatores contribui para o cenário de alta na letalidade violenta, que se manteve em trajetória oposta à dos demais estados amazônicos.

