O Governo do Maranhão anunciou planos para a criação de uma faculdade de petróleo e gás com o objetivo de formar profissionais para atuar na cadeia produtiva caso a exploração na Margem Equatorial avance. A medida, segundo o governador Carlos Brandão, busca garantir que a mão de obra local esteja preparada para atender às demandas da indústria nos próximos anos.

“Vamos iniciar uma faculdade de petróleo e gás. Daqui a cinco anos, teremos jovens preparados para entrar no mercado de trabalho. Senão, vamos ter que buscar pessoas em São Paulo”, afirmou Brandão, em entrevista exclusiva à EXAME durante sua participação na COP30.
O governador adiantou que o estado também estruturará cursos técnico-profissionalizantes voltados ao setor. “Vamos nos preparar nesses cinco anos para que, quando a exploração acontecer, tenhamos pessoas qualificadas e preparadas para o futuro”, completou.
Exploração na Margem Equatorial
No dia 21 de outubro, o Ibama concedeu licença para perfuração no bloco FZA-M-059, localizado em águas profundas do Amapá — a 500 km da foz do Rio Amazonas e 175 km da costa. A autorização marca o início da fase exploratória, cujo processo completo até a produção pode levar entre 7 e 10 anos.

Brandão afirmou que o estado ainda não tem estimativas sobre os valores de royalties que poderá receber, mas destacou a importância futura da receita. “Quando o governo começar a receber os royalties, teremos muito mais recursos para realizar as obras estruturantes de que o estado precisa.”
O governador lembrou ainda que há cerca de um mês o Maranhão recebeu um navio de uma empresa norueguesa para análise sísmica. Segundo ele, 16 blocos já passaram por estudos e deverão ser disponibilizados em leilões.
“É um projeto para cerca de seis a sete anos — entre a sísmica, o leilão e os testes. Não é algo para o meu governo, mas preciso deixar estruturado para o próximo”, afirmou.
Destinação de recursos para o Ibama
Brandão destacou que, assim como outros governadores da Amazônia Legal e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, defende a exploração responsável na Margem Equatorial. Ele ressaltou que o Maranhão possui duas das cinco bacias da região — Grão-Pará e Barreirinhas — e que há expectativa de produção de até 60 bilhões de barris de petróleo.
O governador informou que há uma articulação conjunta dos estados da região para que parte dos recursos provenientes da exploração seja destinada ao Ibama para ações de preservação ambiental.
“Isso não acontece no pré-sal do Sudeste, mas sugerimos que ocorra na Margem Equatorial”, disse. A proposta, segundo ele, já foi levada à presidência da Petrobras para avaliação.
Agenda do Maranhão na COP30
Durante sua participação na COP30, Brandão destacou a regularização fundiária no estado, com mais de 8,5 mil títulos de terra entregues e 22 mil famílias atendidas. Ele ressaltou também a captação de R$ 45 milhões junto ao governo da Alemanha para um projeto de prevenção e combate às queimadas.
“Conseguimos aprovar e estruturar um projeto para reestruturar 49 unidades do Corpo de Bombeiros e construir mais sete. São R$ 45 milhões garantidos”, afirmou o governador.

