Taxação de importados faz 38% dos brasileiros desistirem de compras em sites internacionais, aponta pesquisa da CNI

Antes isentas de impostos, as compras em sites internacionais, especialmente de origem chinesa, foram diretamente impactadas pela cobrança do Imposto de Importação instituída pelo governo brasileiro. De acordo com a pesquisa Retratos do Brasil, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) à Nexus, o percentual de consumidores que desistiram de comprar nessas plataformas subiu de 13% para 38% após o início da taxação.

O levantamento compara os hábitos de consumo dos brasileiros entre maio de 2024 e outubro de 2025. A chamada “taxa das blusinhas” fez crescer de 22% para 32% o número de pessoas que optaram por procurar produtos similares com entrega nacional. Já a desistência definitiva de compras no exterior chegou a 42%.

Em 2024, o governo fixou uma alíquota de 20% sobre compras de até US$ 50 realizadas em plataformas estrangeiras de e-commerce. A medida visava coibir fraudes de empresas que se passavam por pessoas físicas para importar produtos sem tributação e revendê-los no Brasil, burlando a Receita Federal.

Caso de sonegação no DF

No Distrito Federal, a Receita abriu processo por sonegação contra um empresário que, como pessoa física, realizou 840 compras de US$ 50 em um ano — volume considerado incompatível com consumo pessoal.

Indústria brasileira comemora

Para o superintendente de Economia da CNI, Márcio Guerra, a nova taxação representa um avanço na busca por equilíbrio competitivo.

“A implementação do Imposto de Importação é o início de um processo que busca trazer mais justiça e competitividade para a indústria nacional”, afirmou. Segundo ele, apesar do avanço, o imposto “ainda está abaixo do necessário” para equiparar as condições de mercado entre o Brasil e outros países.

O que revela a pesquisa

A desistência por causa do imposto foi mais alta entre:

  • 51% das pessoas com ensino superior;
  • 46% dos consumidores entre 16 e 40 anos;
  • 45% daqueles que ganham mais de cinco salários mínimos;
  • 42% dos moradores do Nordeste.

Entidades empresariais esperam avanços após reunião entre Lula e Trump

A CNI, o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil e a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) celebraram a reunião entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, ocorrida no último domingo, na Malásia. As entidades esperam que o encontro produza “resultados concretos” nas negociações sobre tarifas comerciais.

“O anúncio do início das negociações sobre o tarifaço é um passo relevante. Acreditamos que teremos uma solução que devolva previsibilidade e competitividade às exportações brasileiras”, afirmou Ricardo Alban, presidente da CNI.

Setor de bares e restaurantes projeta fim de ano aquecido no DF

Uma pesquisa da Abrasel mostra otimismo no setor de alimentação fora do lar no Distrito Federal. 77% das empresas esperam aumento no faturamento até o fim de 2025, impulsionadas pelas festas de fim de ano e pelo crescimento do turismo.

Entre os empresários otimistas, 40% preveem alta de 6% a 10% nas vendas, 14% projetam aumento entre 11% e 20%, e 4% estimam crescimento acima de 30%.

O mercado de trabalho também deve reagir: 25% dos empreendedores planejam contratações temporárias, enquanto 69% devem manter o quadro atual.

Apesar das boas perspectivas, o setor ainda enfrenta dificuldades financeiras23% das empresas registraram prejuízo em setembro e 45% ainda possuem pagamentos em atraso.

“O resultado reforça a força do empreendedorismo local, mas precisamos de um ambiente de negócios mais favorável, com menos burocracia e estímulo ao crédito”, afirmou Beto Pinheiro, presidente da Abrasel-DF.

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