Escolas em condições precárias em Bom Jardim (MA) após mais de R$ 650 milhões em investimentos do Fundeb

A situação precária da educação pública em Bom Jardim, município do interior do Maranhão, após mais de R$ 650 milhões recebidos do Fundeb nos últimos 13 anos, o município ainda enfrenta falta de estrutura, improviso e abandono em várias escolas da rede municipal.

De acordo com a equipe de reportagem, as aulas em 11 povoados visitados acontecem em igrejas, casas de moradores e até ao lado de fornos de farinha, evidenciando o descaso com a educação básica.

Em uma das comunidades, Eudinete, mãe de seis filhos, caminha todos os dias por uma estrada de terra até uma pequena igreja que serve como sala de aula, após o antigo prédio escolar ter sido interditado por risco de desabamento. “Um banheiro, pelo menos um”, desabafou ela, que atua como zeladora, merendeira e vigilante no local.

Falta de estrutura básica

A precariedade é visível. Em uma das escolas, o banheiro é apenas um cercado de palha; em outra, uma estrutura inacabada. “A gente tem que ir pro mato, porque o banheiro ali nem vaso tem”, contou um aluno. Há casos em que a água consumida pelos estudantes vem de poços com insetos. Professores relatam que precisam dividir turmas multisseriadas e dar aulas em salas improvisadas.

“O rebolado é grande. Eu tento me multiplicar o máximo que posso”, disse uma professora ao programa, reconhecendo a defasagem no aprendizado dos alunos.

Corrupção e desvio de recursos

A crise na educação de Bom Jardim não é recente. O município acumula um histórico de corrupção, com quatro dos últimos cinco prefeitos condenados por desvio de recursos públicos ou improbidade administrativa.

Entre eles, Lidiane Leite, conhecida como a “prefeita ostentação”, ganhou notoriedade em 2015 ao exibir uma vida de luxo nas redes sociais. Ela foi presa por desviar cerca de R$ 15 milhões e soma 10 condenações que ultrapassam 40 anos de prisão.

Depois dela, assumiram o comando do município:

  • Malrinete Gralhada, condenada a 15 anos de prisão por desvio de dinheiro;
  • Manoel da Conceição Pereira Filho (Sinego), que ficou 70 dias no cargo e desviou R$ 600 mil;
  • Francisco Alves Araújo, prefeito entre 2017 e 2020, afastado três vezes por corrupção e improbidade.

O promotor de Justiça Fábio Oliveira, que acompanha as investigações, afirmou que há uma “cultura de corrupção” enraizada na cidade.

“Os gestores já entravam esperando a vez de se corromper e sugar o dinheiro público”, declarou.

Investigações continuam

A atual prefeita, Christianne Varão (PL), ex-professora e reeleita, também é *investigada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público por suspeitas de desvio de recursos e corrupção.

Em nota ao Fantástico, ela afirmou que “Bom Jardim é uma cidade extensa e não há como resolver todos os problemas em quatro anos”, mas garantiu que novas escolas serão construídas durante sua gestão.

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