O número de empresas industriais que utilizam inteligência artificial (IA) no Brasil mais que dobrou em dois anos, saltando de 1.619 em 2022 para 4.261 em 2024, um crescimento de 163%. Os dados fazem parte da Pesquisa de Inovação Semestral (Pintec), divulgada nesta quarta-feira (24) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com apoio da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e da UFRJ.
De acordo com o levantamento, 41,9% das empresas industriais já utilizam IA, contra 16,9% em 2022. O avanço foi impulsionado pela popularização das IAs generativas, como o ChatGPT, lançado em novembro de 2022.
Onde a IA é mais aplicada
As áreas de administração (87,9%) e comercialização (75,2%) lideram o uso da tecnologia. Entre os setores industriais, destacam-se:
- Equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos – 72,3%
- Máquinas, aparelhos e materiais elétricos – 59,3%
- Produtos químicos – 58%
Na outra ponta, os ramos com menor adesão são fumo (22,9%), couro (20,7%) e manutenção/reparação de equipamentos (19,2%).
Tecnologias digitais avançadas
O estudo mostra que 89% das empresas industriais utilizam algum tipo de tecnologia digital avançada. Além da IA (41,9%), as mais adotadas são:
- Computação em nuvem (77,2%)
- Internet das coisas (50,3%)
- Robótica (30,5%)
- Big data (27,8%)
- Impressão 3D (20,3%)
Benefícios e desafios
Para os empresários, os principais benefícios do uso dessas tecnologias foram:
- Aumento da eficiência – 90,3%
- Maior flexibilidade nos processos – 89,5%
- Melhoria no relacionamento com clientes e fornecedores – 85,6%
- Maior eficácia no atendimento ao mercado – 82,9%
Entre os obstáculos, altos custos foram citados por 78,6% das empresas e a falta de mão de obra qualificada, por 54,2%.
Teletrabalho em queda
O levantamento também mostrou redução do teletrabalho na indústria: de 47,8% das empresas em 2022 para 43% em 2024. O regime é mais comum em companhias com 500 ou mais empregados (65,3%), especialmente em áreas administrativas e de comercialização.
Segundo o analista do IBGE Flávio Peixoto, a adoção das tecnologias digitais avançadas se tornou uma questão de sobrevivência competitiva:
“Ou a empresa faz esse movimento, ou será excluída da cadeia produtiva”, afirma.

