Um estudo inédito encomendado pelo Ministério da Educação (MEC), em parceria com a Unesco, revelou que a Educação de Jovens e Adultos (EJA) gera impactos diretos e positivos na renda, ocupação e formalização no mercado de trabalho de quem conclui essa etapa de ensino.
Os resultados serão apresentados nesta quarta-feira (10), durante o Seminário Nacional de Educação de Jovens e Adultos: 1º Ano do Pacto EJA, em Brasília. O levantamento busca preencher uma lacuna de pesquisas sobre o tema e oferecer subsídios para ampliar investimentos na modalidade.
Retorno econômico da EJA
O estudo apontou que, em todas as etapas da EJA – desde a alfabetização até o ensino médio – há ganhos significativos na renda e na formalização dos trabalhadores.
- Alfabetização (AJA): aumento médio de 16,3% na renda entre pessoas de 18 a 60 anos, chegando a 23% na faixa de 46 a 60 anos. Também cresce em 7,7 pontos percentuais a chance de ocupação formal.
- Ensino fundamental: renda média maior em 4,6%, com impacto mais forte entre 26 e 35 anos (14,9%). Probabilidade de emprego formal sobe em 6,6 pontos percentuais.
- Ensino médio: conclusão eleva a renda em 6% em média, com destaque para o grupo de 26 a 35 anos (10%). A formalização aumenta em 9,4 pontos percentuais.
Público da EJA
A modalidade atende jovens e adultos que não concluíram os estudos na idade adequada. Podem se matricular pessoas a partir de 15 anos para o ensino fundamental e 18 anos para o ensino médio.
Apesar dos avanços no acesso escolar, a evasão e reprovação persistem: em 2023, 35 em cada 100 jovens não concluíram o ensino médio até os 20 anos. Segundo a pesquisa, ainda há um grande contingente de potenciais estudantes da EJA e da alfabetização de jovens e adultos (AJA), sobretudo em populações mais velhas, negras e residentes em áreas rurais.
Impacto social e econômico
Para a coordenadora do estudo, Fabiana de Felicio, os resultados reforçam o caráter estratégico da EJA. “Os ganhos ao longo da vida justificam os custos de curto prazo do retorno aos estudos. Além dos benefícios individuais, há impactos positivos para o desenvolvimento econômico e social, com aumento da produtividade e redução da pobreza e da desigualdade”, destacou.
Pacto EJA
Lançado em 2024, o Pacto Nacional de Superação do Analfabetismo e Qualificação de Jovens e Adultos prevê 3,3 milhões de novas matrículas em quatro anos e investimentos de R\$ 4 bilhões.
Segundo o IBGE, ainda existem 9,1 milhões de brasileiros com 15 anos ou mais não alfabetizados, o que corresponde a 5,3% da população dessa faixa etária.

