Reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO desde 1997, a cidade de São Luís tem na arte e na memória de seus artistas um dos pilares de sua identidade cultural. No entanto, uma recente intervenção promovida pela Prefeitura de São Luís no Elevado Newton Bello (Elevado da Cohab) gerou indignação entre artistas e defensores da preservação patrimonial.
Um grupo de artistas maranhenses acusa a gestão do prefeito Eduardo Braide de cometer um “crime de lesa-memória” ao realizar modificações na parte interna do elevado, localizado na Avenida Jerônimo de Albuquerque. Segundo eles, a ação alterou significativamente uma intervenção artística original do artista plástico Péricles Rocha, falecido em 2023, figura reconhecida pela sua contribuição à cultura local.
A denúncia foi formalizada por meio de uma Notícia de Fato encaminhada ao Ministério Público do Estado do Maranhão (MPMA). O grupo pede que o órgão investigue a responsabilidade da Prefeitura e determine medidas de reparação.
O estopim para a denúncia foi um vídeo publicado nas redes sociais oficiais da Prefeitura e do prefeito na noite da última quarta-feira (30), no qual é possível ver a aplicação de pastilhas e revestimentos cerâmicos no local como parte de uma obra de revitalização. Para os artistas, a intervenção desconsiderou o valor artístico original da obra e foi executada sem diálogo com a classe artística ou familiares do autor.
A ação é apontada como um exemplo de descaso com a memória cultural da cidade. “Trata-se de um atentado à história viva de São Luís e ao legado de um artista que ajudou a moldar o imaginário visual da capital”, afirmam os denunciantes.
Até o momento, a Prefeitura de São Luís não se manifestou publicamente sobre a denúncia. O caso segue sob análise do Ministério Público.

