Entre 2017 e 2025, mais de 300 mil crianças e adolescentes brasileiros que estavam fora da escola ou em risco de evasão escolar retornaram às salas de aula. O dado é do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e foi divulgado nesta segunda-feira (28). O avanço foi impulsionado pela Busca Ativa Escolar, iniciativa do Unicef em parceria com a Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação), que auxilia estados e municípios a identificar e reintegrar alunos excluídos do sistema de ensino.
Segundo Mônica Dias Pinto, chefe de Educação do Unicef no Brasil, o fenômeno da exclusão escolar ocorre tanto em áreas urbanas quanto rurais, motivado por diversos fatores.
“Nos preocupa que as barreiras ao acesso estejam muitas vezes ligadas à violência, dificuldade de transporte e outras vulnerabilidades sociais”, afirmou em entrevista à Rádio Nacional.
Quase 1 milhão ainda estão fora da escola
Apesar dos avanços, os números da PNAD Contínua de 2024 mostram que cerca de 993 mil crianças e adolescentes entre 4 e 17 anos seguem fora da escola, mesmo sendo essa uma etapa de educação obrigatória, conforme estabelece a Lei de Diretrizes e Bases da Educação.
Entre os excluídos:
- 55% são meninos;
- 67% são pretos, pardos ou indígenas;
- Mais da metade pertence aos 20% mais pobres da população;
- A faixa etária mais afetada é a de *15 a 17 anos, com *440 mil adolescentes fora da escola.
Para o Unicef, os dados mostram a necessidade de políticas públicas com foco em gênero, raça e território, que enfrentem as causas diversas da exclusão escolar.
Motivos da evasão escolar
Entre os meninos, os principais fatores que levam à evasão são:
- Trabalho infantil
- Reprovações sucessivas
- Desvinculação da aprendizagem
Entre as meninas, os destaques são:
- Gravidez na adolescência
- Trabalho doméstico
O Unicef também aponta o racismo estrutural como uma barreira significativa para ambos os grupos.
7 milhões fora da creche
Outro alerta da organização é para a faixa de 0 a 3 anos. Atualmente, quase 7 milhões de crianças dessa idade estão fora da creche — cerca de 60% do total. Embora não obrigatória, a matrícula nessa etapa é um direito garantido por lei, devendo ser atendido pelo poder público quando solicitado pelas famílias.
“Esse dado evidencia a necessidade urgente de ampliar a oferta de Educação Infantil, especialmente em comunidades vulneráveis, e realizar ações de busca ativa desde a primeira infância”, aponta o Unicef.
O Plano Nacional de Educação (PNE) previa que 50% das crianças de até 3 anos estariam matriculadas em creches até 2024, mas a meta ainda está longe de ser alcançada.

