Mesmo sem crachás ou cargos oficiais, nomes como Ágata, Laura, Expedito, Mário Lúcio, Clóvis, Larry e Soseverino já integram ativamente o dia a dia do Poder Judiciário brasileiro. Eles são robôs desenvolvidos por tribunais de todo o país e representam conquistas concretas da transformação digital promovida ao longo dos 20 anos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), celebrados neste mês de junho.
Cada robô cumpre uma função específica, otimizando o trabalho da Justiça com precisão e agilidade. O Soseverino, por exemplo, atua automaticamente sobre processos sobrestados, aguardando julgamento de precedentes qualificados. Criado em parceria entre o CNJ e o TJ do Rio Grande do Norte (TJRN), já contribuiu para o dessobrestamento de mais de 2 mil processos, agilizando trâmites e aliviando a carga de trabalho dos servidores.
Também no TJRN, o Concriz automatiza tarefas cartorárias rotineiras com tecnologia RPA, e o Marias utiliza dados do PJe para identificar e analisar casos de violência contra a mulher, produzindo estatísticas cruciais para políticas públicas. Para o atendimento externo, o tribunal conta ainda com o Agile Bot, robô que otimiza o suporte técnico aos usuários.
No Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), a robô Laura, homenagem à primeira doutora em Matemática do Brasil, realiza cálculos de liquidação de sentença e custas processuais. Em apenas dois meses, efetuou mais de 13 mil cálculos, somando mais de R\$ 11 milhões. Seu “irmão mais velho”, o Expedito, automatiza atos cartorários na área criminal, reduzindo em 97% o tempo gasto com essas tarefas.
O Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA) conta com o Clóvis, que realiza triagens e etiquetagem de processos eletrônicos, e com o Mário Lúcio, que distribui mandados judiciais de forma automatizada — esse último gerando economia de até 14 horas por dia ao processar 900 mandados em tempo recorde.
Na Justiça do Trabalho, o *Galileu, do TRT da 4ª Região, utiliza inteligência artificial generativa para auxiliar na redação de minutas de sentença. Já a robô Ágata, do TRT da 5ª Região, já encaminhou mais de 10 mil processos ao Tribunal Superior do Trabalho (TST) e integra um time com mais cinco robôs, responsáveis por tarefas como cadastro de precatórios, gestão de sessões de julgamento e integração de documentos físicos ao sistema digital.
Essas inovações têm respaldo normativo: desde a Resolução CNJ nº 91/2009, que instituiu os padrões para sistemas informatizados da Justiça, até a recente Resolução CNJ nº 615/2024, que estabelece regras claras para o uso ético e seguro da inteligência artificial no Judiciário, incluindo supervisão humana obrigatória e governança digital.
Os robôs são mais do que ferramentas tecnológicas: simbolizam um novo momento da Justiça brasileira — mais ágil, precisa e acessível. Esta matéria integra a série especial “CNJ 20 anos”, que destaca os avanços promovidos pelo Conselho para modernizar o sistema judiciário e aproximá-lo da sociedade.

