O Maranhão consolida seu protagonismo nacional com a criação da primeira universidade indígena em território tradicional do Brasil – um projeto inédito também no mundo. Sob a liderança do Instituto Tukàn, com apoio do Governo do Estado e da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema), o projeto avança com a realização da terceira escuta participativa, etapa fundamental para a construção coletiva do Centro de Saberes Tentehar.
A escuta aconteceu nos dias 29 e 30 de maio, na sede do Instituto Tukàn, no território Arariboia, em Amarante do Maranhão, reunindo mais de 80 indígenas, entre professores, gestores, estudantes e lideranças das comunidades locais. A participação ativa dessas lideranças marca a continuidade de um processo democrático e inclusivo, iniciado nas primeiras escutas, que ocorreram nas dez macro-regiões indígenas do estado.
“É motivo de muita alegria e orgulho para nós que este projeto-piloto, que hoje é um programa de Estado, esteja sendo discutido dentro do nosso território. É motivo de orgulho para o povo Guajajara e para todos os povos indígenas do Maranhão”, destacou Fabiana Guajajara, diretora do Instituto Tukàn.
Ela reforçou a importância da construção coletiva para que outras comunidades indígenas também tenham a oportunidade de desenvolver suas próprias universidades.
O presidente do Instituto Tukàn, cacique Sílvio Santana da Silva, ressaltou o caráter inédito do projeto. “Não existe ainda uma universidade indígena implantada dentro de uma terra indígena. Temos cursos de formação intercultural, mas agora estamos construindo a nossa universidade em nosso território. É uma universidade para os parentes que não têm oportunidade de sair para estudar e que querem permanecer em suas comunidades.”
O presidente da Fapema, Nordman Wall, destacou o compromisso do Governo do Maranhão, sob a liderança do governador Carlos Brandão, com a valorização da cultura indígena e a autonomia dos povos originários.
“A escuta é fundamental para que a universidade nasça de acordo com as reais necessidades das comunidades”, afirmou.
O PDI (Plano de Desenvolvimento Institucional) está sendo construído a partir das contribuições colhidas nas escutas e respeita a diversidade e as especificidades culturais de cada povo.
O professor Gustavo Costa, da Universidade Estadual do Maranhão (Uema) e coordenador do projeto, também reforçou a importância simbólica e prática da iniciativa.
“A cada escuta, com a participação ativa das lideranças, a universidade vai ganhando corpo, forma e sentido. Já se sabe que existe uma universidade indígena em construção no Maranhão, e é apenas uma questão de tempo para que ela comece a funcionar, oferecendo cursos e desenvolvendo pesquisas para preservar as culturas e tradições dos povos indígenas.”
O Centro de Saberes Tentehar Tukàn, associação sem fins lucrativos, atua gratuitamente para promover o desenvolvimento humano das comunidades indígenas da Terra Indígena Araribóia e de outros territórios no Maranhão, com foco em educação, cultura e assistência social. Segundo o IBGE (2022), o estado abriga mais de 57 mil indígenas, distribuídos por 210 municípios, com Amarante concentrando a maior população.
O projeto da universidade busca atender às demandas específicas dessa população, criando um espaço acadêmico voltado ao fortalecimento cultural e ao desenvolvimento sustentável das comunidades indígenas. Mais do que uma instituição de ensino, a Universidade Tentehar é um marco histórico e social, reafirmando o protagonismo indígena na construção de seu próprio futuro.

