Consumo das famílias em São Luís recua 0,5% em maio, interrompendo sete meses de crescimento

A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) em São Luís registrou queda de 0,5% em maio de 2025, marcando o fim de uma sequência de sete meses consecutivos de crescimento. O índice caiu de 90,9 para 90,4 pontos, segundo levantamento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Maranhão (Fecomércio-MA), em parceria com a Confederação Nacional do Comércio (CNC).

Apesar da melhora em relação a maio de 2024, quando o índice estava em 82,9 pontos, o ICF ainda permanece abaixo do nível de satisfação (100 pontos), o que indica um cenário de cautela, especialmente entre as famílias com renda de até 10 salários mínimos, que registraram uma média inferior (88,6 pontos).

De acordo com o presidente da Fecomércio-MA, Maurício Feijó, o resultado demonstra um momento de ajuste nas expectativas. “Mesmo com o impacto positivo do Dia das Mães no comércio, percebemos uma desaceleração no consumo, especialmente entre os consumidores de menor renda, que já haviam antecipado gastos durante a Semana Santa. Há sinais de otimismo com emprego e renda, mas a cautela com despesas maiores ainda prevalece”, avaliou Feijó.

Entre os fatores que puxaram a queda está o subcomponente “momento para aquisição de bens duráveis”, que caiu 9,8%, chegando a apenas 28,1 pontos — o menor nível entre os itens analisados. O “nível de consumo atual” também recuou 4,0%, atingindo 49,8 pontos, o que mostra que as famílias estão consumindo menos em relação ao mês anterior.

Por outro lado, alguns indicadores apresentaram melhora. O item “renda atual” avançou 4,6%, alcançando 117,1 pontos, refletindo uma percepção mais positiva do orçamento familiar, impulsionada pelo crescimento da informalidade no mercado de trabalho. A “perspectiva profissional” também se manteve elevada, com 145,8 pontos, demonstrando otimismo, principalmente entre consumidores de maior renda. O saldo positivo de 693 novas vagas com carteira assinada em março, frente a 243 em fevereiro, reforçou essa percepção.

Entretanto, o “acesso ao crédito” registrou queda de 2,6%, passando para 93,1 pontos, indicando maior dificuldade para financiamentos em um cenário de juros elevados, com a Selic fixada em 14,75% ao ano.

Embora a “perspectiva de consumo” tenha tido uma leve alta de 0,4%, o índice ainda está abaixo do nível de satisfação, sinalizando que, apesar de algum otimismo, as famílias seguem cautelosas diante do cenário macroeconômico adverso, com inflação alta, juros elevados e endividamento crescente.

O recuo do ICF em maio evidencia uma perda de fôlego no consumo, após meses de recuperação moderada. Apesar de avanços pontuais na percepção de renda e no mercado de trabalho, as famílias seguem com comportamento prudente, diante de um ambiente econômico que ainda impõe restrições significativas à plena retomada da demanda interna.