Nos bastidores políticos do Maranhão, os gestos do governador Carlos Brandão (PSB) começam a ser observados com mais atenção, à medida que se aproxima a possibilidade de sua candidatura ao Senado Federal em 2026. Entre os dias 13 e 15 de maio, Brandão transferirá a estrutura do governo estadual para Imperatriz, maior cidade do interior do estado, num movimento que, oficialmente, integra o programa de interiorização da gestão. No entanto, essa ação tem sido interpretada como uma estratégia para “acalmar” as discussões sobre a sucessão no Palácio dos Leões.
Apesar de evitar anunciar qualquer apoio ou candidatura, Brandão reforça que ainda é cedo para falar sobre o cenário político de 2026. “Este ano a gente não vai falar de nomes, nós não vamos falar de partidos, só em 2026”, afirmou o governador. No entanto, sua movimentação no tabuleiro político é nítida.
A decisão de realizar a agenda em Imperatriz, localizada na região sudoeste do Maranhão, não é apenas simbólica, mas estratégica. A cidade é uma das mais populosas e politicamente influentes do estado, com grande peso eleitoral e um número considerável de lideranças locais. Ao deslocar o governo para Imperatriz, Brandão reforça sua imagem de gestor atento às necessidades das bases e abre canais diretos com prefeitos e vereadores da região, essenciais para sua sustentação política em uma possível disputa ao Senado.
Durante os três dias de atividades, o governador despachará da sede da Agência Executiva Metropolitana do Sudoeste Maranhense (AGEMSUL), acompanhado de secretários de pastas-chave como Infraestrutura (SINFRA), Planejamento (SEPLAN), Saúde (SES), Governo (SEGOV), Meio Ambiente (SEAM), Casa Civil e AGEMSUL. O modelo de atendimento será similar ao adotado no Palácio dos Leões, com reuniões individuais entre Brandão e prefeitos locais, onde onze já confirmaram presença para discutir demandas e buscar investimentos.
Além de uma ação administrativa, essa transferência simboliza um movimento de afirmação política, reforçando a ideia de municipalismo que marca a gestão de Brandão. A descentralização das decisões e o diálogo constante com os gestores locais têm sido pilares da atual administração, colocando o governador como um líder próximo, especialmente em regiões tradicionalmente menos atendidas pelo Estado.
Esse foco no interior do Maranhão também desempenha um papel crucial na construção do consenso sobre a sucessão. Brandão tem até abril de 2026 para decidir se deixará o cargo para disputar uma vaga no Senado. A presença contínua nas regiões do estado, como a de Imperatriz, é estratégica para medir alianças, fortalecer sua base e avaliar a fidelidade das lideranças regionais.
Imperatriz, por sua vez, se consolida como a capital simbólica do Maranhão do sul, ganhando ainda mais visibilidade política, administrativa e econômica com a presença temporária do governo estadual.
Para Vagtonio Brandão, presidente da AGEMSUL, a transferência da estrutura do governo para o interior mostra o compromisso com infraestrutura, saúde, educação e desenvolvimento regional.
“É um gesto político-administrativo de quem entende que governar o Maranhão exige não apenas presença institucional, mas também sensibilidade territorial e escuta ativa às bases”, declarou.
Embora continue evitando discussões sobre candidatos e alianças, Brandão segue consolidando sua principal bandeira: o fortalecimento do diálogo com os municípios. Essa postura, voltada para o interior, pode ser decisiva para garantir apoio político nos embates futuros, visto que, em um estado com 217 municípios, manter uma base de prefeitos sólidos pode ser o principal trunfo para quem deseja continuar influente, seja dentro ou fora do Palácio dos Leões.

