Magistradas, servidoras, terceirizadas, estagiárias e demais colaboradoras do Poder Judiciário têm até esta terça-feira (29) para responder à pesquisa nacional que visa mapear a vivência de violência doméstica e familiar entre mulheres que atuam no sistema de Justiça em todo o país. A iniciativa é do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e busca identificar a chamada “rota crítica” percorrida pelas vítimas dentro da estrutura judicial.
Coordenada pela Comissão Permanente de Políticas de Prevenção às Vítimas de Violências, Testemunhas e de Vulneráveis, presidida pela conselheira Renata Gil, a ação reúne perguntas sobre identificação, conhecimento da regulamentação, protocolo estruturante e detalhes da rota crítica enfrentada. O questionário pode ser acessado pelo endereço eletrônico https://formularios.cnj.jus.br/pesquisa-sobre-a-rota-critica-das-servidoras-e-magistradas-vitimas-de-violencia-domestica/, leva cerca de cinco minutos para ser preenchido, é totalmente anônimo e seus dados serão tratados de forma sigilosa e agregada.
A pesquisa integra as ações da Recomendação CNJ n.º 102/2021, que orienta os tribunais a implementar protocolos integrados de prevenção e medidas de segurança no enfrentamento da violência doméstica. Ao ouvir as mulheres do Judiciário, o CNJ pretende fortalecer políticas institucionais de acolhimento e proteção.
Dados recentes reforçam a importância da iniciativa: o Censo do Poder Judiciário 2023 apontou que 87,5% das servidoras relataram ter sofrido violência psicológica no âmbito familiar. Além disso, 48% vivenciaram violência física, 41,4% foram vítimas de violência moral e 25,5% sofreram violência patrimonial. O levantamento mostrou ainda que 90% das mulheres respondentes e 98,1% dos homens relataram ter vivido alguma forma de violência familiar ou doméstica, independentemente da formalização de denúncias.
O estudo “Violência doméstica e familiar contra magistradas e servidoras do Sistema de Justiça”, elaborado pelas pesquisadoras Fabiana Severi e Luciana Oliveira, também contribuiu para a formulação do atual questionário, aprofundando a compreensão da realidade enfrentada pelas mulheres no Judiciário.

