Apenas 5,3% dos municípios brasileiros têm plano de drenagem, revela Instituto trata Brasil

Um levantamento divulgado nesta quarta-feira (23) pelo Instituto Trata Brasil revela um grave déficit no planejamento urbano brasileiro: apenas 263 municípios do país (5,3%) possuem Planos Diretores de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais, instrumento essencial para a prevenção de inundações e outros desastres hidrológicos.

Dos 4.958 municípios que forneceram dados ao módulo de Águas Pluviais do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (Sinisa), 4.695 admitiram não possuir esse plano. A ausência generalizada compromete estratégias de adaptação climática e o enfrentamento de eventos extremos, como enchentes.

Nordeste lidera déficit
A maior deficiência está no Nordeste, onde 1.411 municípios (98,6%) não contam com planejamento para drenagem. Em seguida estão:

  • Sudeste: 1.374 municípios (88,4%)
  • Sul: 1.109 (96,6%)
  • Norte: 381 (97,7%)
  • Centro-Oeste: 420 (96,8%)
Infraestrutura deficiente
O estudo também apontou que:
  • 40,4% das cidades afirmam ter sistemas exclusivos de drenagem;
  • 12,59% usam sistemas unitários (esgoto e drenagem juntos);
  • 14,48% adotam sistemas combinados;
  • 32,49% não possuem qualquer sistema de drenagem.

Outro dado alarmante é que apenas 157 municípios (3,2%) tratam as águas pluviais, o que compromete a saúde ambiental e aumenta a poluição dos corpos hídricos urbanos.

Risco de desastres é elevado nas grandes cidades
Entre os 100 municípios mais populosos do Brasil, 94 estão mapeados com algum tipo de risco relacionado a desastres naturais, como deslizamentos, enxurradas e inundações. Isso representa 54% da população dessas áreas em situação de vulnerabilidade.

Cidades como Maringá (PR), Ponta Grossa (PR), Cascavel (PR), Uberaba (MG), Taubaté (SP) e Palmas (TO) não apresentaram risco no levantamento atual.

De 1991 a 2023, o Brasil registrou quase 26 mil desastres hidrológicos, resultando em 3.464 mortes e R$ 151 bilhões em prejuízos. Em 2024, o Rio Grande do Sul enfrentou um dos episódios mais trágicos: 183 mortos, 27 desaparecidos e mais de 600 mil desalojados ou desabrigados, segundo a Defesa Civil estadual.