Apesar da tradição e do forte apelo emocional da Páscoa, o varejo brasileiro deve registrar queda nas vendas em 2025, com movimentação estimada em R$ 3,36 bilhões, segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O número representa uma retração de 1,4% em comparação ao mesmo período do ano passado.
O principal fator por trás dessa desaceleração é o aumento expressivo no preço do chocolate, item central da celebração. De acordo com o economista César Bergo, o cacau atingiu preços recordes no mercado internacional, pressionando o custo dos produtos derivados.
Bergo aponta três motivos para a disparada no valor do cacau:
- Clima adverso na África, que concentra 70% da produção global da matéria-prima, afetou diretamente a colheita;
- Aumento na demanda mundial por chocolate, que agravou o desequilíbrio entre oferta e procura;
- Queda na produção brasileira, especialmente nos estados da Bahia e do Pará.
O resultado chega às prateleiras em forma de ovos de Páscoa mais caros e menores.
O chocolate não foi o único item impactado pela inflação. Outros produtos típicos da celebração cristã também encareceram:
- Azeite: alta de 17,24% nos últimos 12 meses, segundo o IBGE, devido à seca na Espanha e Grécia, principais exportadores;
- Bacalhau: aumento médio de 9,6%, influenciado pelo dólar instável e pelo custo de importação da Noruega.
Para contornar os aumentos sem assustar o consumidor, indústrias e empreendedores recorreram à “reduflação” prática em que o tamanho dos produtos diminui, mas o preço permanece igual (ou até sobe). Segundo Bergo, também houve redução na quantidade de cacau nos produtos e mudança no mix de fabricação, com chocolates mais baratos ou alternativos.
Diante desse cenário, o consumidor deve redobrar a atenção e comparar preços antes de comprar. E, caso o orçamento aperte, a criatividade pode ser a aliada ideal para manter a magia da Páscoa sem comprometer o bolso.

