As voçorocas, enormes crateras que podem atingir até 80 metros de altura e mais de 500 metros de extensão, voltaram a ser um grande foco de preocupação em Buriticupu, no Maranhão, após uma jovem cair em uma dessas fendas gigantescas nesta sexta-feira (7). Felizmente, a jovem foi resgatada com vida, mas o incidente reacendeu o alerta sobre os riscos que essas formações geológicas representam para os moradores da região.

Essas voçorocas começaram a se formar há cerca de 30 anos, e, atualmente, pelo menos 26 delas representam uma ameaça direta à segurança de cerca de 55 mil pessoas. De acordo com a associação de moradores locais, sete vidas já foram perdidas devido a acidentes relacionados às crateras.
O solo da região é composto principalmente por areia, silte e argila, o que resulta em pouca porosidade e facilita a formação e a expansão das voçorocas. Segundo o professor Fernando Bezerra, do programa de pós-graduação em Geografia da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), o rápido crescimento urbano e o desmatamento em áreas de alta declividade são os principais fatores que aceleram o processo erosivo, agravado pelas chuvas intensas e pela falta de infraestrutura adequada.
O caso da jovem não é isolado. Em maio de 2023, uma casa foi “engolida” por uma voçoroca, mas felizmente, os moradores já haviam sido evacuados. Uma semana antes, o policial aposentado José Ribamar Silveira caiu em uma voçoroca de 80 metros e sobreviveu, mas com fraturas graves. Além disso, em março de 2023, as chuvas e a erosão intensificaram o problema, forçando a remoção de várias famílias. Mais recentemente, em março de 2024, deslizamentos de terra em Buriticupu e Santa Luzia resultaram no resgate de 36 pessoas com o apoio do Centro Tático Aéreo (CTA).

Especialistas alertam que ações urgentes precisam ser tomadas para mitigar o avanço das voçorocas e evitar mais tragédias. O professor Bezerra sugere a proteção do solo com o plantio de espécies arbóreas para estabilização, a remoção das populações em áreas de risco, e o desvio dos fluxos de água que alimentam as crateras. Também é essencial o investimento em infraestrutura, como drenagem urbana e saneamento básico.
Sem intervenção, a situação pode se agravar, colocando ainda mais vidas em risco. As autoridades municipais e estaduais precisam agir com rapidez para evitar que Buriticupu seja ainda mais devastada por esses gigantescos abismos de terra.

