O número de denúncias de grupos e canais do Telegram contendo imagens de abuso e exploração sexual infantil aumentou 78% entre o primeiro e o segundo semestres de 2024, segundo um relatório da SaferNet Brasil. A pesquisa foi divulgada nesta terça-feira (11), Dia Internacional da Internet Segura, e será apresentada durante um evento em São Paulo.

O documento revela que o número de usuários em grupos que comercializam ou compartilham esse tipo de conteúdo passou de 1,25 milhão para 1,4 milhão no período analisado. Além disso, o total de grupos e canais denunciados cresceu 19%, chegando a 1.043, dos quais 349 continuavam ativos sem moderação.

“O relatório comprova que os problemas da plataforma persistem, com riscos sistêmicos que prejudicam crianças e adolescentes no Brasil”, afirmou Thiago Tavares, presidente da SaferNet. A organização reforça que quem consome esse tipo de material é cúmplice do crime e alerta para a falta de fiscalização eficaz no Telegram, que opera sem registro no Banco Central do Brasil e utiliza processadores de pagamento em países como Rússia, Ucrânia e paraísos fiscais.

Procurada, a plataforma afirmou ter “tolerância zero” para pornografia ilegal e disse utilizar inteligência artificial e moderação humana para remover conteúdos criminosos. Segundo a empresa, mais de 18 mil grupos e canais foram banidos em fevereiro. No entanto, Tavares ressalta que a moderação ainda é falha, permitindo que imagens permaneçam na plataforma por meses.

As denúncias podem ser feitas na Central Nacional de Denúncias da SaferNet Brasil ou pelo Disque 100. O Telegram também permite que usuários reportem conteúdos suspeitos diretamente no aplicativo.