Deusiana Ventura Guajajara, de 28 anos, foi morta a golpes de faca na tarde da última terça-feira (7) dentro de sua casa, na aldeia Castanhal, no município de Jenipapo dos Vieiras, Maranhão. O principal suspeito é seu companheiro, Evaldo Bezerra da Cunha Silva, de 39 anos, que fugiu após o crime.
Segundo informações da delegada Wanda Moura, do Departamento de Feminicídio da Superintendência Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (SHPP), o casal vivia um relacionamento marcado por agressões físicas e ameaças de morte.
“A vítima nunca procurou a delegacia para denunciar as agressões. Foi apenas após sua morte que descobrimos o histórico de violência. O crime aconteceu dentro da aldeia onde viviam, mas o suspeito não pertence à comunidade indígena”, explicou a delegada.
As polícias Civil e Militar estão em busca de Evaldo Bezerra. A delegada destacou que o feminicídio não é um ato isolado, mas o ponto culminante de um ciclo contínuo de violência contra a mulher.
“Relacionamentos abusivos geralmente seguem uma escalada de violência, que se torna cada vez mais grave e frequente. Por isso, é essencial que mulheres e a sociedade denunciem abusos o quanto antes para interromper esse ciclo e evitar o pior”, alertou Wanda Moura.
Feminicídio em São José de Ribamar também choca o estado
O caso de Deusiana Ventura não foi o único registrado no Maranhão neste início de 2025. No bairro São Raimundo, em São José de Ribamar, na Região Metropolitana de São Luís, Francinete de Souza da Silva, de 31 anos, foi encontrada morta em sua residência após dois dias desaparecida.
O principal suspeito do crime é seu companheiro, Albertini Santos Galvão, com quem mantinha um relacionamento de seis meses. De acordo com a delegada Wanda Moura, o homem impunha controle sobre a vítima, bloqueando seus contatos com familiares e amigos, uma prática comum em relacionamentos abusivos.
“O isolamento é uma tática frequentemente usada por agressores para fragilizar a mulher, dificultando sua busca por ajuda e denúncia. Quanto mais isolada a vítima, mais vulnerável ela se torna”, afirmou a delegada.
Denúncia: a principal arma contra a violência
A delegada reforçou a importância de denunciar agressões, independentemente do tipo.
“O feminicídio tem pena alta, de 20 a 40 anos de prisão, mas o ideal é evitar que a violência atinja esse ápice. A denúncia pode ser feita de forma anônima pelos números 180 ou 181. Com isso, é possível salvar vidas e interromper o ciclo de violência”, concluiu.
Com dois feminicídios registrados em apenas uma semana, o Maranhão inicia 2025 com dados alarmantes sobre a violência contra a mulher. Casos como os de Deusiana e Francinete reforçam a necessidade de ações preventivas e o combate ao silêncio que perpetua essas tragédias.

