Na última terça-feira (3), o júri popular do enfermeiro Alberto Rodrigues da Silva foi concluído no Fórum de Justiça de Lago de Pedra, no Maranhão. Ele foi condenado a pouco mais de dois anos de prisão pelos crimes relacionados à morte da esteticista Erinalva de Jesus Dias, que morreu após uma cirurgia plástica realizada ilegalmente no Hospital Municipal de Lago dos Rodrigues.
Como o réu já havia cumprido um ano e cinco meses de prisão preventiva, a pena restante será de sete meses em regime de prisão domiciliar. A decisão gerou insatisfação entre os familiares da vítima, que esperavam uma punição mais severa.
O caso
O crime aconteceu em 31 de maio de 2023, quando Alberto, que se apresentava falsamente como médico, realizou uma abdominoplastia (cirurgia estética para retirada de excesso de pele e gordura do abdômen) em Erinalva dentro do Hospital Municipal de Lago dos Rodrigues.
A vítima, de 37 anos, acreditava que faria uma cirurgia para retirada de uma trompa. Após o procedimento, realizado de forma irregular, Erinalva passou mal e foi transferida para o Hospital Regional Dra. Laura Vasconcelos, em Bacabal, a cerca de 80 km. Lá, um médico constatou que ela havia se submetido a uma cirurgia estética, mas a esteticista não resistiu e morreu.
As investigações revelaram que Alberto usava documentos falsos para se passar por médico. Testemunhas afirmaram que ele realizou o procedimento sozinho, sem supervisão de profissionais habilitados, e que a direção e a equipe de plantão do hospital desconheciam a realização da cirurgia no local.
Problemas durante o julgamento
O julgamento, que começou na segunda-feira (2), deveria ter ocorrido em novembro em Lago dos Rodrigues, mas foi transferido para Lago de Pedra devido à falta de estrutura adequada no município. Inicialmente, o júri seria realizado em uma creche.
Outro ponto polêmico foi o vazamento de informações sigilosas sobre o depoimento de uma testemunha antes do julgamento, fato apontado pelo Ministério Público do Maranhão como uma possível interferência na decisão dos jurados.
Consequências
Após o caso, o hospital rescindiu o contrato com Alberto Rodrigues, e o Conselho Regional de Enfermagem abriu um processo disciplinar contra ele. Apesar da condenação, a sentença foi considerada branda pela família de Erinalva, que continua exigindo justiça.
O caso chamou atenção para falhas no controle de credenciais médicas e para a vulnerabilidade de pacientes em hospitais públicos no estado, levantando questionamentos sobre a fiscalização e a segurança dos serviços de saúde.

